quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Teu Cheiro


O vento traz seu cheiro na estrada silenciosa,
Me livra de pensamentos insanos e me leva a você.
Fazendo com que eu queria ainda mais tudo de você,
Esperar a hora de ir embora sem dormir não é fácil.
Parece que você me deixou em transe ao te ver,
Jogou teu cheiro na minha cara, e eu gostei disso.
Foi assim que consegui ver o que te falei,
Mas você nem ao menos me disse versos de amor.
E acolheu no peito um abraço sensível,
Sem ter nenhuma dor.

Abraão Estranged,
Poeta

Meu Tempo


Quando você vai embora
A ampulheta congela
O tempo flutua no espaço
Espera o momento certo
Pra voltar a correr

Quando você vem
Ele não se demora
Se põem a correr
E me deixa imaginando
Se é tempo a perder
E então me pergunto
O meu tempo é pra quê?


Jedaías Torres
Poeta

segunda-feira, 26 de agosto de 2013


A cada corte
Uma nova armadura
Cada vez mais forte
Impenetrável

Os amores 
já não chegavam ao peito
Andar se tornava difícil
respirar era dolorido

Ela veio pra me desarmar
Me despir de toda armadura
Me deixar leve como pena

Agora tudo flutua
E o amor corre nas veias


Jedaías Torres
Poeta

domingo, 25 de agosto de 2013

Vamos seguir



Não é tarde para o amor
Não é cedo para a felicidade,
Não é tarde para a dor;
Encontramo-nos nesta cidade...

Somos apenas um
E você diz que quer;
Não há mal algum
Vamos seguir com fé.

Kennedy Fernandes
Poeta

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Omissão

Não temas
Se meus poemas
Omitem o seu nome.
Saibas: em cada verso
Que, silenciosamente, nasce,
                   Sua essência
                   Faz-se presença.

Luiz Luz
Poeta

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Viúva negra


Depois da cisma da manhã,
A massa corporal aniquilada –
O gesto habitual de quem regara
A existência em campos verdes e medonhos...

Depois da cisma da manhã –
Como uma viúva negra à mesa,
Tua boca alimentou-se de sonhos
Naufragados na luta vã...

Depois da cisma da manhã –
Como uma viúva negra que rodeia
A vítima a seduzir-lhe o ser,
Tua boca tragou o resto – o fim
Daquele fio de viver.

Depois da cisma, a manhã
- Inaugurando sóis cotidianos –
Invadiu um morto sobre lençóis mundanos.

Mário Gerson
Poeta

Melpômene

Visitou-me aos sonhos
Trouxe contigo sua poesia;
Despertou minha nictofilia,
Agraciou-me com seu dom.

Meu riso de rima-frouxa
Com seu sorriso ritmava;
E nas tuas linhas, cantava,
Seu quadril de alegria solta.

Seu olhar de maresia
Devorava-me aos versos,
Julgava-me como verbo;
Transformando-me: fantasia.

Luiz Luz
Poeta

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Habemus

Habemus,
Gente de pele negra
Que solta sua voz
Exaltando os seus orixás.

Habemus
Gays em nossas fileiras
Lutando por um direito
De amar, e ser amado, pelos iguais

Habemus,
Pobres sem teto,
Sem terra, sem alento, sem fé...
Arando sonhos que não são seus.

Habemus,
Vadias, putas, libertinas,
Donas dos seus corpos,
Senhoras dos seus destinos.

Habemus,
Punks subversivos
Marginalizando o sistema
Cantando suas anarquias.

Habemus,
Sangue ameríndio
Escorrendo pelas veias abertas
De nossa América Latina.

Habemus,
Um povo aguerrido
Que não teme a batalha
Pois acreditam na igualdade.

Habemus,
Muitas lutas pra vencer
Por um mundo melhor
Onde todos possam viver.

Luiz Luz
Poeta

Descoberta


  • A verdadeira poesia não é dita, Ela é vivida continuamente. Está no banho, na pele fria Que dorme ao nosso lado, ser presente.
    A verdadeira poesia não é imagem Ou outra coisa que se estabelece e finda. A verdadeira poesia é a viagem Ao mundo que se descortina...
    A verdadeira poesia não pode ser Esta inquieta vontade de vitória... Ela é a fome, a sede do viver... Ela é a sublime trajetória
    De quem aprendeu que suas linhas Não são apenas linhas – mas glórias A cada passo errado, a cada solitário laço Que desprendemos de nossa memória.
    Mario Gerson,
    Poeta

Thaleia

O meu teatro
Ficou mágico
Quando sua presença
Entrou em minha cena

Luiz Luz
Poeta

domingo, 11 de agosto de 2013

A sílaba do novo tempo

Um pedaço de pão?
Não, não queremos não.
O som de uma nova canção?
Não, não queremos não.
Mais um tempo na sombra?
Não, não queremos não.
Fechar os olhos e não ver o cenário?
Não, não queremos não.
Sufocar o grito amargo?
Não, não queremos não.
Ficar parado na esquina?
Não, não queremos não.
Ver o capítulo final da novela?
Não, não queremos não.
Sentar com um amigo e assistir ao jogo na televisão?
Não, não queremos não.
Passar a borracha no destino de milhões?
Não, não queremos não.
Voltar para casa e viver a mesma rotina?
Não, não queremos não.
Por que queremos união, ação, renovação.
E uma real NAÇÃO.

Suziany Araújo,

Poetisa.

O moer da cana (ou alma destilada)

  • Perder um amor é como o moer da cana
    faz doer..
    faz chorar...
    faz morrer o coração...
    mas não se preocupe...
    o moer da cana é preciso,
    já que o destino é impreciso
    e a gente nunca vai saber
    se foi melhor ser moído, destilado e engarrafado
    pra levar amor a outras pessoas
    pra fazer sorrir as mais variadas bocas
    pra fazer feliz a alma da gente.
    É preciso ser doce por dentro
    por mais que o moer da cana doa
    é preciso ser bagaço ao menos uma vez.

    Jedaías Torres,
    Poeta.

Lobo Solitário

Prudente como a serpente que se move
Sobre a pedra e rasteja,
O Lobo Solitário em nós se desapega
Das pegadas deixadas – malfazejas.

Prudente como a ave do céu
Que oscila e plana,
O Lobo Solitário em nós se levanta,
Se reergue – se inflama.

O Solitário Homem de Deus –
Aquele pregado no madeiro de sua filosofia –
O Solitário Lobo perdido
Nas trilhas de sua trilha...

O Solitário, não do mesmo só que é feito
Os outros sós dos embaraços –
Mas o Solitário Pleno
Da solidão de seus laços...

O Lobo Solitário ameno –
A (anti)vítima, o (anti)calvário,
O Homem Pleno – sem acréscimo do outro,
O Lobo Solitário.

Mário Gerson, 

Poeta

sábado, 10 de agosto de 2013

Sou verso

Não faço mais poemas,
Não componho músicas,
Não tenho mais inspiração:
       Sou o verso,
       A melodia,
       A noite...
             Sou desses,
             Daquelas,
             De ninguém.
 
Luiz Luz
Poeta

Plenitude

  • Para o poeta Demétrio Vieira Diniz
    Por que a multidão se enfastia pelas ruas? Tantos homens percorrendo noites, Tantas noites debruçando outras, Tantos silogismos e paradoxos nas camadas da vida...
    Por que a multidão se enfastia pelas ruas? Tantos malabaristas espirituais, Tantos símbolos sobrepostos, Tantas claridades abismais...
    Por que a multidão duela nas ruas? De tantos e tantos maniqueísmos, De tantos e tantos bíceps partidos, Tantas aniquilações por nada.
    Como Romeus modernos - atirando outros, Como Carmens modernas, deslumbrando outras, Como generais que atiram para além do fosso A munição da batalha de uma vida toda.
    Mario Gerson,
    Poeta

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Segredo

Te fiz um poema em segredo.
E como me sinto mal por isso!
É injusto que estejas a ler este poema agora
E permaneças na dúvida:
- Será que foi pra mim?

Sim, foi para ti e por ti,
Pois é por tua causa que escrevo.
E sem tua doce imagem,
Meus poemas não passam de palavras sem sentido
Tentando encontrar um elo.

Te fiz um poema,
Mas é segredo.
E que meus versos te digam
O que meus lábios sentem,
O que eu gostaria de externar,
Mas tenho medo.

Te fiz um poema,
E tu não sabes.
Escrevo poemas,
Mas sou covarde.

Reverso

Ao invés
De ter,
De querer:
           - sou

O inverso,
In verso,
Do universo
          - teu

Luiz Luz 

Poeta

A tatuagem tua

  • A tatuagem tua
    Em minha alma nua, Marca-me no profundo Abismo da mente...
    Passear teu corpo – Tua pele seda – É estar-me (todo) Na outra alma alheia.
    Mario Gerson,
    Poeta


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Vontade

Quero sem demora:
Seus beijos sem hora,
Que o desejo aprimora.

O gosto e o sumo,
O vento e o prumo,
A me perder o rumo.

Vontades e desejos,
Instintos benfazejo,
Cobrindo os azulejos.

Luiz Luz
Poeta

Luxúria










Os lábios dela exalavam a luxúria
Sua língua insensata me deixou extasiado
Insaciado, inconformado,
Implorando por mais.

Os olhos dela eram como um convite ao pecado
Olhar em seus olhos era como aventurar-se à noite
Em uma estrada turva 
Em alta velocidade
Sem temer a morte.



quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Confesso II

Parem,
Eu me entrego!

Entrego-me
Pra ser verso...
Pois ser poeta
Não me basta.

E ser poesia
Me intera.

Luiz Luz

Poeta

Apatia

Fechei as janelas de mim
Para envolver-me e revestir-me
De apenas eu
Sem tempo e sem paciência
Para questões importantes e obrigações
Fechei a porta do meu mundo
Isolei-me em meu invólucro de apatias
E decidi me perder por aí.


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Morena

Vem Morena,
Ser meu poema,
Ser meus dilemas,
Ser minha sentença.

Vem Morena,
Seja vento a beira-mar;
Que no cemitério das sereias,
Há um pirata a te esperar.

Versos mil te aguardam
Em luaus estrelados,
Numa praia encantada...

Vem Morena,
Ser Marias, Beatrizes, Luzias,
Camilas, Janaínas, Julias...
Vem, simplesmente, ser – musa!

Luiz Luz
Poeta 

Fotografia


Sinto uma profunda tristeza
todas as vezes que vejo
seus olhos tão felizes
ao lado daquela moça.
Parte-me o coração
avistar cena tão doce e bela
e não conseguir ser feliz
ao te ver assim, tão feliz.
O egoísmo que existe em mim,
digo, o amor que existe em mim por ti
não me permite, nem por alguns instantes,
sentir alegria ao ver, ouvir ou imaginar
você com outro corpo
e me enxergar te amando
e nada poder fazer para parar.


Ariany do Vale
Poetisa

Dias escuros

Os dias agora rompem sem sentido -
Insípidos, desbotados, e escurecidos...
Exibindo um negro sol

Os dias agora não alvorecem, anoitecem:
Desvanece sua glória,
Os pássaros se calam,
O silêncio canta,
E a solidão, novamente, reincide.

Sousa Neto
Poeta



O regressar

Aquele olhar penetrante voltou
Trazendo de volta os sonhos que nunca
Pararam de me assombrar,
Levantando da tumba
O desejo adormecido,
Jogando ao vento
O clamor de meus gritos.
A boca seca
De emoções e de palavras,
O coração amargo,
As mãos suadas.
Não esperava mais
Por esse tipo de sentimento.
Uma vez amou, apenas uma.
Uma vez sofreu, não foi a única.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Janela

A janela emoldurava-se
De lacunas (esperadas).
Era o vão da tua ausência
Que teimava em me visitar.

Luiz Luz
Poeta
 

Outros olh.ares

Nasci para o infinito...
Preencher pequenormes vazios!
Vazios de vida!
(Re)inventar vida? (Des)construir pragmatismos?
Inventar!
Brincar!
(Arte)sã.nar...
Quanta vida existe entre as poesias, no coti.dia.ano rotineiro, quanta vida!
Dinami(cidade).
Despropositadamente, encontros com um canto de en(canto).
Degustemos o pôr-do-sol...
Vivemos nos alimentando do luar!
E sempre nos lambuzemos nas guloseimas da poe(cia)!
Eita, terá limite?

Breno Lincoln Diniz
Poeta

Tristeza destinada

É de lágrima
Que se faz o mundo
Desce a correnteza
E faz-se o tudo

É da luz que se constrói
E das trevas que se foi
O que tudo surgiu
E tudo ruiu

Na calada da noite
Onde as corujas piam
E os lagartos silvam
E os lobos se alimentam
De tudo aquilo que são

Esquecimento da névoa
É o navio que vem
Onde os faróis mostram
O destino de ser
O passado que já foi

Pedro Victor
Poeta

Náufrago

Ser poeta é naufragar
Em cada verso que lhe encontra
À deriva nos livros.

Luiz Luz
Poeta

Residência


 Não quero ser turista
no país que é seu corpo
quero ser descobridor
das tuas curvas e formas
e para sempre ocupar
o território sagrado
do teu colo e coração.
Quero viajar para dentro
da sua alma e de lá
nunca mais sair,
fixar morada e alegria
dentro de ti.

Ariany do Vale
Poetisa

Toda mulher deveria














Toda mulher deveria
Ao menos uma vez na vida
Fazer tudo que queria
Ser vilã, ser boazinha,
Ser rainha, ser do mundo
Ser boêmia, chegar tarde
Não hesitar um só minuto
Toda mulher deveria
Assumir suas paixões escondidas
Não se sentir reprimida
Não ter medo da vida
Não precisar ser contida
Não esconder sua alegria
Toda mulher deveria
Ao menos uma vez na vida
Ser tema de poesia!

Sepultamento

Sepulto nesse instante
- Sob várias camadas de violetas
Uma paixão, que outrora
Flamejava ardentemente
A cada olhar o teu sorrir

E os meus olhos
– Baços, sem vida,
Convencidos em duas poças d`água...
Dão asas a uma última lágrima
Que desce voando, arranhando
O céu das minhas facetas

Sousa Neto

Poeta

domingo, 4 de agosto de 2013

Meu vício

Os cigarros,
A cachaça,
O vinho e as drogas
- Acabaram-se.
Meu último vício: tu!

Luiz Luz

Poeta

Permissível

Acossado (À bout de souffle), de Jean-Luc Godard - 1959


Traçava o dia 
em que naqueles pelos estrangeiros 
Pudesse subverter-se em desaforos,
                                         Euforia,
                                         Profanação.
Sussurraria-lhe verbos inconfessáveis;
Beijaria-lhe desde o permissível
à imensidão de tuas prisões.
Ela lhe submeteria à maior de todas as perversões
E improvisaria as juras mais sinceras.


Rayane Medeiros
Poetisa

Edifício


Ontem fui ruínas
Hoje, um edifício erguido...
Renascido dos destroços, que outrora,
Encontravam-se espatifados pelo chão.

Sousa Neto
Poeta




Soneto do eterno amor

Para sempre você eu ei de amar
E juro aos céus e a terra de ti cuidar
e zelar com o carinho de um pássaro que
protege seu ninho da cruel tempestade.

Quero te amar de toda alma,
corpo e desejo, sem nunca perder
pelo tempo o apreço do seu olhar,
e sempre uma vez mais.

Farei do seu sorriso minha alegria e
quando no seu pranto de mim precisares
serei teu abrigo e acalanto.

Te amo hoje e amarei por todo o infinito
Te quero agora e para todo o sempre
E quando não for assim, que seja o meu fim.


Ariany do Vale
Poetisa

Indiferente

Passei, olhei e ignorei
A mesma voz, a mesma imagem, reconheci
Saudades, porém, não despertou
Então olhei, me afastei, e prossegui

sábado, 3 de agosto de 2013

Fantasia



Com um rosnar de cão faminto,
Furtiva, afoguei-me sob teus lençóis escaldantes.
E entre tuas mãos afoitas,
despi-me da roupa que de tanta decência, pesava-me.
Sem relutância, rompi-me em tua rigidez instantânea –
                                                      esfregamos-nos;
                                                      desavergonhamos!
Convulsa, em tua pele bronze,
Em teu pelo ralo,
Sucumbi em perversões mentais.

Rayane Medeiros
Poetisa

Melhora da Morte



Acordou adoentado,
Com sintomas que já lhe eram familiar.
Para ser bem franca,
Vivia mais na moléstia do que são.
Da última vez em que o viram,
Carregava um sorriso animador.
“É a melhora da morte”
Alertava os amigos à família.
De súbito,
Já se viu sem chão, sem dor, sem alma.
Os curiosos em seu enterro indagavam a causa.
Os que lhe tinham apreço,
De imediato respondiam:
- Morreu como morrem os poetas: de solidão.

Rayane Medeiros
Poetisa

Confissão

Tenho um poder
Em meus versos.

Posso rimar:
Tardes de domingo
Com felicidade.

Luiz Luz
Poeta

Tempo livre













Dedicado a Theodor Adorno

Mais um final de semana chegou
E eu só torço para que nada aconteça
E para que eu possa voltar logo para casa
Para fugir das chateações que o mundo me obriga
Para deixar de ser aluno, empregado e cidadão
E ser apenas nada
No sofá da minha sala,
Assistindo televisão.

Cansaço I



Estou cansada, muito cansada
de tanta bobagem e saudade.
Cansada do passado-presente,
cansada de tanta lembrança
e tanto amor pra pouca gente.

O futuro grande demais,
a vida corrida demais
e as pessoas, cada vez mais,
egoístas.

Tudo tão abandonado,
tão sem valor
e cadê o amor?

Todos procurando pelo amor
e perdendo a razão, o sentido.
Bebendo para afogar as mágoas
e morrendo afogado na saudade.

Nessa coisa de viver, vou tentando.
Escrevendo e lamentando,
até que tudo volte
ou
até que tudo passe.


Ariany do Vale
Poetisa 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Cura gay

Façam um favor
A esse senhor,
Digam-lhe:
‘Não há cura
Ao amor!’

Luiz Luz

Poeta

Suicida


De não mais aguentar
A angústia que pendia dos ombros e
Não cabia nos versos poucos,
Pôs a corda no pescoço e
Deu fim à vida que já nem vivia.
– Antes morto que infeliz.
Pensou enquanto se debatia.

Rayane Medeiros

Ode aos malditos (ou invocação aos poetas)

(Os malditos caminham solitários,
Como vermes execrados pelo mundo.
Aterrorizando qualquer tentativa lúcida
De transfigurar o equilíbrio desejado)

Oh, tu que me procuras a noite!
Oh, fantasma que me tiras o sono!
Corta-me a carne como navalha,
Dilacera meu peito, rompe minhas veias!
Não te quero perto ao lugar dos loucos,
Não te vejo belo à luz da lua.

Sua vida é indesejada;
Sua existência é negada...
Você é lama, é estrume,
É o despojo desfigurado do que um dia fora.

Oh, tu que cantas orgias libertárias!
Oh, tu que destila essa verborragia!
Desprende-te desse cárcere mental;
Alforrias esses sentimentos ruinosos!

Caminhas sob a terra seca,
Espalha por todo canto as suas lamúrias.
Segues por esse solo profano:
Sem mestres, sem senhores, sem deuses...

Bebeste do vinho amargo do esquecimento;
Provaste o pão molestado pelo abominável.
Conspurcaram de encarnado suas vestes;
Esfolaram sua face em praça pública.

Oh, seres bestiais que habitam o abismo!
Oh, odiosas criaturas noturnas!
Amaldiçoaste seus descendentes;
Maculaste sua madre nação;
Quebraste o elo que te unia ao celeste.

Vinde a mim:
Tudo que rasteja,
Tudo que vocifera,
Tudo que blasfema...

Aposse-se de mim:
Toda dor colérica,
Tudo que ofende,
Tudo que destrói...

Invoco-te até mim:
Rimbaud, Baudelaire,
Bukowski, Walter Franco,
Torquato Neto, Sergio Sampaio...
Oh, espíritos malfazejos!

Tudo que o Clero desaprova;
Tudo que o povo esquece;
Tudo que desmorona castelos;
Sejam disso preenchidos os meus dias.

Oh, tu que só foste fiel à infidelidade!
Oh, tu que não sabes voltar pra casa!
- Estrangeiro de suas próprias terras.

Que meus versos sejam promíscuos,
Assim como seus desejos foram.
Que cada linha seja de desapropriação da alma!
Que toda embriaguez seja inspiração
Ou ao menos seja esquecimento.

Que minhas letras sejam odiadas,
E repletas por um famigerado desejo:
De incomodar a todos em sua zona de conforto.
Que meus livros sirvam de prostíbulos
Para amores impuros, insolentes e impróprios.

Que a turbidez dos meus pensamentos
Seja refletida em palavras torpes.
Que o suor que esparge dos meus poros
Exale também o sofrimento desse mundo.

Que toda maldição, toda dor, todo sofrimento,
O fardo e a aflição sejam sempre perenes.
Pois só eles trazem a tão sonhada: rebeldia!

Luiz Luz

Poeta

Transitório

Algumas pessoas vêm
E vão.
Algumas pessoas permanecem
Em vão.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Rancor


Escarro estes versos para esquecer-me do dia
Em que te suguei sob lençóis avulsos
De um quarto saturado de desinfetante barato.
Escarro estes versos para não envenenar-me de silêncio.


Rayane Medeiros
Poetisa

Os Baderneiros

Os baderneiros estão chegando!
Com suas odes utópicas,
Esperanças inalienáveis,
Palavras de ordem;
Estão chegando...

Os baderneiros estão lutando!
Contra o status quo,
O sistema opressor,
A mão do Estado;
Estão lutando...

Os baderneiros estão mudando!
O mundo ao redor,
O futuro à espreita,
O destino à espera;
Estão mudando...

Luiz Luz

Poeta

Prisão












Estou preso a mim
E disso não posso fugir
Meu eu me segue aonde eu vou.
Estou preso em mim
E daqui não posso sair
Estou preso em meu corpo
Em meus atos
Em meus desgostos
Estou e estarei sempre preso a mim
Este ser chamado eu está arraigado ao que sou
A prisão do eu é o que me faz sentir
Que necessito estar
Em qualquer outro lugar
Que não seja mais em mim
Longe do eu e dos limites do meu corpo
Longe de mim e desse eu que me faz louco.