terça-feira, 19 de novembro de 2013

Salmo


Admiro a beleza que semeias
Despretensiosamente no mundo
Dádiva ganha sem nenhuma gana
A lembrar aos homens que o Criador
É o melhor arquiteto em tudo.
Teus olhos, dois profundos lagos
Mergulho e me afogo sem morrer
Me puxam para o fundo onde os segredos
De tua alma estão revelados.
Teu colo, robusto e cálido
Qual busto grego eternizado
Pelas mãos hábeis do esforçado artista
Que ainda assim não faz jus a ti.
Teus cachos como arabescos
Nas catedrais de Alhambra
Numa mansa tarde azul
Me envolvem na trama
Secreta que inflama
O intento de meus desejos.
Tuas curvas, sinuosas
Correm sem governo pelo espaço
Desafiando as leis da geometria
E do bom senso.
És para mim, a antítese
Que nasce do querer e do desdém:
Pois te quero enquanto meu próprio bem,
Enquanto te afasto do pensamento
Que por menos de um momento
Poderia-lhe viver sem.

Bruno Radner
Poeta

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